Considerada por muitos como um dos grandes alicerces do sucesso da atual Direção da ADCRP, é a prova que a sensibilidade feminina tem, cada vez mais, lugar num "mundo de homens" como o associativismo. Nesta entrevista, a Cátia fala-nos do trabalho efetuado, das dificuldades encontradas e da sua visão para o futuro do clube.
1 - Boa noite, Cátia. Acompanhaste, desde o primeiro momento, o teu
namorado, o Presidente Alexandre Tarrafa, neste sua “aventura” pelo dirigismo
desportivo, sendo que se apresentam como as duas faces mais visíveis do projeto
da atual Direção. Qual foi o teu papel na decisão de abraçar este desafio?
Boa noite. Desde cedo que estive
envolvida em atividades da ADCRP tendo praticado voleibol durante muitos anos, o
que me fez desenvolver um sentimento especial por esta associação. Esta foi uma
decisão inteiramente tomada pelo Alexandre, à qual eu reagi com alguma surpresa
pela responsabilidade e entrega que o compromisso exigia. Ainda ponderei, mas
depois de refletir, achei que poderia ser aquele o momento de ser eu, e nós
mais jovens, a contribuir para o desenvolvimento da nossa Vila e também a
retribuir o que quem nos antecedeu fez para que nós, um dia, também nós pudéssemos
ter atividades desportivas, culturais e recreativas na ADCRP.
2- Que balanço fazes desta experiência até agora?
Até ao momento julgo que o balanço é
claramente positivo. Apesar de termos alguns momentos menos bons, no cômputo
geral tem sido muito gratificante aprender novas coisas em diversas áreas, aprender
a reagir à adversidade, conhecer melhor o nosso associativismo e sentir que, de
alguma forma, posso também contribuir para termos uma ADCRP a representar um
dos exemplos do associativismo.
3 – Alguma vez sentiste que a tua relação com o Presidente podia
prejudicar mais do que beneficiar o vosso desempenho? Têm algum tipo de
estratégia para deixar os problemas do clube à entrada de casa?
Nunca pensei que isso pudesse
acontecer. Quando estamos a defender os interesses do clube temos que saber
distinguir as coisas e ser o mais "profissional" possível. Como é
natural, por vezes temos ideias e opiniões divergentes que acabam por ser
discutidas e transbordam os limites das instalações da ADCRP. Por muito esforço
que façamos, é inevitável que isso não aconteça, por isso acredito que qualquer
estratégia que fosse delineada para deixar estes problemas à porta de casa não
iria resultar.
4- Tens fama de ser rigorosa com as contas, de liderares o departamento
financeiro desta Direção com um pulso de ferro. É verdade ou é exagero?
Bem...esta é uma pergunta complicada!
Eu tenho consciência que tento impor algum rigor e disciplina nas contas da
ADCRP, mas por outro lado também tem que haver uma certa flexibilidade nesta
gestão. Quem tem partilhado esta experiência comigo na direção anterior e,
também já nesta, sabe que a minha maneira de estar passa mais por disciplina.
Neste aspeto a minha forma de estar na minha vida pessoal é aquela que aplico
enquanto tesoureira da ADCRP. Não gosto de surpresas nesta área, prefiro
planear muito bem os passos que dou, ponderar todos os prós e contras e não
entrar na visão do "vamos avançar e depois logo se vê como corre"! Eu
encarei este projeto com muito sentido responsabilidade, porque tenho a noção
que esta direção tem que zelar sempre pela estabilidade e crescimento da ADCRP,
tendo sempre presente o peso da responsabilidade que os sócios depositaram em
nós para levar a ADCRP a bom rumo.
5- Ainda neste tema das finanças, qual o panorama que encontraste no clube?
E quais têm sido as principais dificuldades sentidas no atual contexto de
crise?
Na altura em que cheguei à direção da
ADCRP já havia indícios de que esta crise se iria prolongar, obrigando-nos
desde logo a tomar medidas de contenção de custos e a desenvolver iniciativas
para aumentar a receita da ADCRP. A situação não era animadora e o
associativismo tem sido um reflexo desta crise. Ao longo deste tempo temos
sentido mais dificuldade em conseguir angariar patrocínios e apoios, assim como
a nossa grande fonte de estabilidade, que é o apoio que nos é atribuído por
parte da Câmara Municipal, também tem vindo a diminuir, estando mesmo nesta
fase sob alguma indefinição. De dificuldades já estava/estávamos à espera
quando a direção assumiu em 2011, mas de facto têm surgido algumas pelas quais
não esperávamos e por vezes têm nos colocados em situações mais delicadas
levando ao desânimo de quem trabalha para termos melhores condições para
oferecer. Mas temos que olhar em frente, arregaçar as mangas e continuar a dar
tudo o que podemos de nós para isso. É óbvio que aqui os nossos sócios também
são a peça fundamental e, como sempre disse desde o início, temos que lhes
agradecer pelo apoio e presença quando sentem que a ADCRP precisa deles.
6- Quais os principais objetivos nesta área? Ou seja, que te fariam
terminar o mandato com a sensação de dever cumprido?
O meu objetivo nesta área é muito
claro. Teria todo o gosto e orgulho em conseguir deixar a tesouraria da ADCRP
numa situação estável que a dotasse de capacidade económica para que quem nos
suceder continue a lutar por uma ADCRP com reconhecimento e capacidade de
afirmação distrital e nacional, tanto ao nível desportivo como cultural.
7- Fala-se muito do projeto que a Direção tem em mãos para a (re)abertura
do bar da associação. O que falta para ser uma realidade? E em que moldes está
pensado?
Tem sido um ponto pelo qual no
batemos há algum tempo e com compromisso assumido perante os sócios. É um
processo complicado e de resolução demorada em que a parte financeira também
não nos tem encorajado. Contudo, estamos muito próximos de chegarmos a um bom
desfecho e, não querendo adiantar datas, se tudo correr bem, em breve os nossos
sócios terão o bar da ADCRP aberto. Quanto ao funcionamento, ainda estamos a
estudar e a delinear a melhor estratégia mas queremos que seja um espaço onde
todas as secções participem e colaborem.
8- E quanto ao futebol? Já apreciavas ou aprendeste a gostar?
Sempre gostei de futebol! Desde
pequena que o futebol faz parte do meu dia-a-dia e preenchia as minhas
brincadeiras, embora desde que namoro com o Alexandre me tenha visto
"obrigada" a conviver ainda mais com esta modalidade!
9- Sofre-se muito do lado de fora do campo? Como é lidar com as críticas
de alguns adeptos?
Já assisti a muitos jogos nos clubes
por onde o Alexandre jogou, mas assistir a um jogo da equipa de Pereira é
completamente diferente. Sofro imenso fora de campo porque eu sinto cada
vitória que a nossa equipa alcança como uma vitória também minha, assim como
cada um dos adeptos a deveria sentir como dele também! Felizmente, temos conseguido
excelentes resultados nas competições em que participamos nos últimos tempos. As
críticas aparecem sempre e por vezes não é fácil ouvi-las. Admito que também
crítico quando os jogos não correm tão bem porque sei que temos valor para
mais, mas depois do jogo tudo passa. Não foi por acaso que o lema que nos tem
acompanhado desde a época passada é "Juntos somos mais fortes, unidos
venceremos!"... Nós precisamos de nos unir cada vez mais para mostrarmos
do que somos capazes! Tenho a certeza que todos os Pereirenses sentem orgulho em
cada conquista que alcançamos e cada vez que vêm o nome de Pereira e da ADCRP
nas páginas dos jornais por estes motivos!
10- Para terminar, revês-te no cliché que por trás de um grande Homem há
sempre uma grande Mulher?
Acredito que o papel da mulher é
essencial em qualquer organização, e esta direção reconheceu isso, tendo
algumas nos diversos pelouros. Quanto à essência desta questão, tento dar o
melhor de mim, acreditando que, juntamente com o Alexandre, desenvolvemos um
bom trabalho de equipa.
Muito obrigado pelo convite!
Muito
obrigado.
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